segunda-feira, 25 de abril de 2016

Obrigado


Quatro jogos. Quatro derrotas. Assim o Detroit Pistons se despede da temporada 2015-16 da NBA. A primeira temporada em sete anos que teve mais de 82 jogos para a equipe. Quatro jogos contra uma equipe notoriamente mais forte, que deve chegar às finais da liga, salvo alguma surpresa. Quatro jogos em que, na maior parte do tempo, o Pistons jogou com o espírito que todos nós esperamos que os jogadores que vestem essa camisa tenham. Pecaram ao fechar jogos, pecaram por inexperiência, pecaram na defesa (alô, Harris). Pecaram demais. E isso foi determinante para a eliminação.

Mas, pelo menos para mim (passadas as emoções do jogo), o que fica - além da experiência para os próximos anos - é um agradecimento. Agradecimento aos jogadores que entraram no clima do que é ser jogador do Pistons, mesmo, às vezes, cometendo erros bobos e falando demais (Johnson...) e, principalmente, ao Van Gundy, que, apesar de algumas decisões esquisitas no meio dos jogos conseguiu nos tirar de um poço - há pouco mais de um ano o Pistons tinha ganho 5 jogos em 28, na temporada seguinte playoffs, campanha positiva depois de 8 anos e uma base promissora para o futuro.

Ainda há muito o que fazer, evoluir e, provavelmente ainda vamos passar por mais eliminações parecidas até, finalmente, conseguir dar um passo a mais e voltar a competir por títulos, mas o elenco ainda é muito jovem e ainda pode evoluir bastante, o futuro parece ser animador.

Pontos importantes da série:

- O banco CLARAMENTE foi um problema. Blake compromete muito na defesa, faltam pontuadores na segunda unidade e, Aron Baynes é um bom e sólido reserva, mas não serve para substituir Drummond por tanto tempo, o que nos leva ao que deve ser, agora, o maior problema do time

- Andre Drummond é um jogador que consegue, num espaço de dois minutos, nos levar do êxtase à profunda frustração. Não é só o hack e os problemas de lance-livre - que, claramente são o grande problema do pivô - mas há outras muitas coisas que ele precisa melhorar. A proteção de aro, a leitura em certas infiltrações, o jogo de costas pra cesta. O medo maior é que os lances-livres façam com que ele não perceba esses outros defeitos, e o jogador estagnar. Drummond foi altamente exposto na série (apesar de alguns bons momentos), não conseguiu limitar os rebotes ofensivos de Tristan Thompson, não pegou tantos rebotes como faz de costume e poucas vezes foi utilizado em situações de pick-and-roll, talvez até por medo de faltas propositais, além, é claro, do hack. 

No entanto, tudo isso pode nos fazer esquecer que ele ainda é o melhor reboteiro da liga, mas não só - é, também, um jovem de 22 anos que fazia seu primeiro jogo de playoffs na carreira, com a responsabilidade de ser o único all-star do time (e da franquia desde 2009), com o prestígio de uma indicação para top 10 na votação de mvp no site da NBA, é uma bela pressão. Juntando isso à frustração a cada lance livre errado, temos uma boa chance de coisas darem errado. Ainda assim, 22 anos e a melhor chance que temos de ter uma estrela. Não podemos desistir dele.

- Sobre Reggie Jackson, eu realmente não sei o que dizer. Ele comandou o ataque em certos momentos, mas ainda assim, a tentativa de ganhar jogos sozinho no final resultou em desastres - escorregões, turnovers, arremessos imbecis e, o pior de todos, a tentativa bizarra de cavar uma falta com o caminho livre para uma bandeja para empatar o jogo. Muitas dessas coisas são da inexperiência e compreensíveis para um jogador que abraçou a idéia de ser o líder desse time e que, em diversos momentos da temporada regular, foi clutch em situações de fim de jogo, mas, ainda assim, prejudicou a equipe.

- Apesar de uma certa 'birra' minha, KCP foi o melhor jogador do time na série, o que menos falhou, e o que mais contribuiu na defesa. Aos poucos, Pope vai se estabelecendo como um dos melhores defensores de perímetro da liga, nada mal para uma oitava escolha de um draft horrível.

- Morris teve bons e maus momentos mas, no geral, foi o principal scorer do time e uma boa válvula de escape enquanto as bolas estavam caindo, mas teve momentos bem abaixo da crítica (como todos, é bem verdade). Ainda assim é um bom valor dessa equipe.

- Harris tremeu e não apareceu para a série. Mal na defesa, pior no ataque. Teve bons momentos no jogo 4, mas muito aquém do que esperávamos. Pelo que mostrou na temporada regular, foi decepcionante.

- Stan Van Gundy, por sua vez, como técnico teve momentos de pane. O mais notório foi quando, após um bom primeiro quarto, SVG voltou com o time todo reserva para o segundo quarto e foi desastroso. No entanto, a maioria dos erros dele podem ser divididas (não justificadas) com a falta de elenco e o banco fraco. No geral, como técnico, um bom trabalho, mas longe de ser perfeito. Bem longe.

O que o Pistons leva dessa série, principalmente, é a experiência. Foram muitos erros justificados e compreensíveis para um time que tinha 4 dos 5 titulares com zero jogos de playoffs na carreira. Era o que eu esperava, para ser sincero. Mas, apesar de tudo, das inevitáveis cornetas, no fundo esse time me deixou muito orgulhoso. Quatro jogos e três deles muito parelhos, e o outro também parelho até o intervalo. Fomos varridos, sim, mas não sem lutar, não foi fácil para eles. Caímos de pé, é o que eu esperava e queria deles, e eles me deram isso, no fim, só posso dizer obrigado.

Obrigado ao elenco por lutar a cada posse de bola, mesmo sendo punidos pela inexperiência, e pela falta de profundidade. Obrigado ao SVG por transformar COMPLETAMENTE a franquia em menos de dois anos, obrigado ao Gores por se importar com a franquia e não ter medo de entregá-la ao Stan. Obrigado aos torcedores que foram ao Palace e fizeram aquela quadra relembrar os bons tempos. Obrigado ao Anthony Tolliver pelo carisma. Obrigado em especial ao KCP, porque é, de longe, o jogador que eu mais critico injustamente.

E o lembrete: estaremos de volta. E mais fortes. Rumo, de novo, ao topo do Leste. Ao topo da liga. Onde sempre merecemos estar.