Não precisa voltar nunca mais, Josh Smith (Foto: CBS Sports) |
Uau. Por onde começar...
Bem, Josh Smith foi contratado na intertemporada passada, quando, pela primeira vez desde 2009, o Pistons tinha grana para gastar com um free agent. Num movimento claro para tentar salvar seu emprego, Joe Dumars foi buscar o ala em Atlanta, e ofereceu pomposos 56 milhões, por quatro anos, para o jogador prestar seus serviços à equipe de Detroit. No entanto, para uma equipe que já contava com nomes para o garrafão, Smith foi deslocado para o perímetro, longe de onde rende melhor em uma quadra de basquete. Não só, mas em decorrência disso, o resultado da experiência foi uma desgraça. Josh foi o pior arremessador em uma temporada, NA HISTÓRIA DA LIGA, foi preguiçoso nos dois lados da quadra, e o Pistons teve mais um ano digno de esquecimento, coroado com uma escolha de primeira rodada enviada ao Hornets e mais atraso no planejamento.
Mas, nova temporada, nova vida, não é mesmo? Dumars foi demitido, e aí começou outra bola de neve (que parece ter se transformado na tônica em Detroit nos últimos anos), que foi a de escolha de outro GM e, eventualmente, treinador, já que Maurice Cheeks, o comandante (risos) escolhido (risos) para a última temporada (risos) sequer a terminou no cargo. Não gosto de comparar basquete com futebol, mas o Pistons se tornou uma equipe de futebol brasileira. Impaciente, demitiu o treinador rapidamente, trouxe jogadores só pelo nome, sem analisar seu impacto e benefícios para o time (no caso de Smith, nulos), apenas pela grife de ter um jogador de seu calibre no elenco. Atrapalhou o desenvolvimento de uma equipe promissora e, eventualmente, trocou dois bons jogadores por um idiota que joga basquete profissional como se estivesse em um churrasco de fim de ano.
Seguindo sua sina de desgraça, a equipe precisava de um treinador e achou que Stan Van Gundy era um bom nome para o cargo. Claro, a base de seu trabalho, o Orlando Magic de 2009, era um pivô dominante (ué, Drummond não é JÁ um pivô dominante? Avisa o Tom Gores disso), e quatro arremessadores de longa distância (Detroit foi a penúltima equipe na temporada anterior em aproveitamento de três pontos: 32%). Não é EXATAMENTE o que temos em Detroit? Não? Ah, mas chama ele que ele dá um jeito!
Mas nessa conversa surgiu um problema: O Golden State Warriors, que também se interessava nos préstimos do treinador bigodudo. Esse sim, um time de verdade, jovem, talentoso, pronto para dar um salto com um bom treinador (ou que pelo menos saiba o mínimo do conceito de rotação). Então alguém teve a brilhante idéia de oferecer a SVG também o cargo de "presidente de operações". Basicamente, sobre tudo que envolve basquete na franquia, ele iria mandar. Com uma proposta assim, Stan pegou as malas e desembarcou em Detroit. Fez contratações duvidosas (Estou olhando para o senhor, Jodie Meeks), mas nada muito radical. O esperado era que ele conseguisse arrumar o quinteto inicial, dando uma solução para que Smith, Monroe e Drummond coexistissem e, a partir daí renovar ou trocar Monroe, alcançando o ~~~sonho~~~ dos playoffs. As declarações eram segundo a cartilha: os três não iriam jogar juntos, mais do que 18 minutos por noite. Vi muitas pessoas animadas, mas permaneci cético.
Passados um mês de temporada regular, qual o quinteto inicial do Pistons? Isso mesmo, Jennings, KCP, Smith, Monroe, Drummond. Não por acidente, o time perdeu treze seguidas, e é, com certa folga, o pior time da NBA - O Sixers é um time de D-League. Estamos no fundo do poço. Então, o que você, que nunca teve um cargo de gerência, e pegou uma catástrofe desse tamanho nas mãos faz? Dispensa o jogador.
Basicamente, eu não sei o que pensar. Há claramente dois lados distintos nesse movimento. Um deles é que finalmente o Josh Smith nunca mais vai pisar vestindo branco no Palace. Isso é um alívio e tanto. Além disso, assume o tank totalmente (já estava fazendo, mas sem intenção) e começa a dar tempo de quadra para, principalmente, Tony Mitchell, que eu jamais irei entender porque não joga, e para Andre Drummond levar esse resto de temporada como um aprendizado. Por outro lado, o problema é muito maior que apenas Josh Smith.
Para começar, a não ser que ele seja pego da lista de dispensas da NBA por algum time nas próximas 48 horas (chance zero de acontecer), o contrato dele ainda será de responsabilidade do Pistons e ainda estará na conta do teto salarial. Ou seja, nos livramos apenas da presença desagradável daquele encosto dentro de quadra. Só que ainda não temos uma defesa, ainda não temos bola de três pontos, ainda não temos um armador com cérebro. Tudo o que temos são rebotes ofensivos e problemas. Além disso tudo, um dos poucos bons jogadores da equipe não parece estar disposto a renovar, e deve sair da equipe de graça, ou por migalhas na trade deadline.
Apesar de tudo, essa dispensa ainda é meio esquisita. Segundo o repórter Adrian Wojnarowski, do Yahoo! Sports, o Kings ofereceu Carl Landry e Jason Thompson por Josh Smith, na offseason. Chance para se livrar teve. Esperou tempo demais, a bola de neve cresceu, e o corte se tornou a única opção? Talvez. Segundo o repórter Vincent Ellis, do jornal Detroit Free Press, times queriam uma escolha de primeira rodada para aceitar Josh Smith e seu contrato. Ou assume o contrato, ou perde uma escolha que compromete o rebuild obrigatório que terá que ser feito.
No fim das contas, acho que esse movimento é bom para ambos os lados. Jogador e equipe. No entanto, como dito, ainda há muito que se fazer para que esse time consiga ter um rebuild decente. Se livrar de Jennings é o próximo movimento coerente a ser feito - esse não deve ser tão difícil -, para aí sim repensar todo o futuro da franquia e planejar a construção de algo em volta de Andre Drummond.
Talvez tenha sido precipitado, mas foi um primeiro passo. Que continue, pois os problemas estão longe de terminar.
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