sexta-feira, 3 de maio de 2019

Uma análise da década do Pistons nos drafts

Até quando acerta, o Pistons erra


No dia 03 de Novembro de 2008, o então General Manager do Detroit Pistons, Joe Dumars teve uma brilhante idéia (ok, provavelmente ele teve a idéia antes disso, mas eu gosto de acreditar que ele não pensou muito nisso, porque se tivesse pensado, não teria feito): "Que tal trocar o meu melhor jogador por um outro que não tem nada a ver com o que a gente joga aqui, é um contrato expirante e pode ir embora em 6 meses (fora a grana da renovação, caso desse certo), e que já passou do auge faz um tempo? Parece ótimo, deixa eu pegar meu V3 black e mandar um DDD pro Colorado agora mesmo!" E assim foi feito, o Pistons trocou Chauncey Billups por Allen Iverson; Dez anos depois, o time ainda não se recuperou desse dia. Me inspirando em minha saga preferida de todos os tempos (Star Wars) que marca os acontecimentos temporais ao redor de uma batalha (a batalha de Yavin, que destruiu a primeira estrela da morte), resolvi definir a história do Pistons marcada por esse evento: antes e depois da troca do Billups - ATB/DTB.

Tal qual na saga cinematográfica, a troca acabou servindo como uma ordem 66 para o time. Iverson não deu certo na equipe, virou free agent, foi embora e dois anos depois estava jogando na Turquia. Mas tudo bem, ao menos; O dinheiro que Billups e, consequentemente Iverson, preenchiam dentro do salary cap tinha ido embora, e agora o Pistons poderia buscar talentos na free agency! Ainda havia esperança!

Vai ficar tudo bem!


Aí Joe Dumars teve outra idéia. Era 2009, estávamos ainda nos acostumando com a velocidade com que as coisas aconteciam e esperar parecia cada vez mais um conceito alienígena. Obviamente nosso GM preferido resolveu não esperar a free agency de 2010 (Wade! LeBron! Bosh! - Engraçado como em 2010 essa leva de free agents provavelmente empolgava mais do que hoje, em retrospecto, pois outros nomes de destaque foram Joe Johnson, Rudy Gay e Carlos Boozer), afinal a vida é curta demais para esperar o próximo grande jogador que vai lhe rejeitar. Ao invés disso, Dumars resolveu pagar o PIB de uma pequena ilha na oceania por dois jovens jogadores, Charlie Villanueva e Ben Gordon (ou Ben Jordan, que era mais Ben, e menos Jordan).

Aliás, um parêntese rápido para esse dois contratos:

Os dois contratos que destruíram o futuro do Pistons por alguns anos, somados, valiam 90 milhões, divididos em 5y/55m, em Ben Gordon, 5y/35m para Villanueva. Hoje, o Pelicans paga mais, anualmente para o Solomon Hill do que o Pistons pagou para Gordon; Jon freaking Leuer assinou um contrato que o está pagando mais dinheiro, em menos tempo, do que o de Villanueva. Acho que talvez seja por isso que tanto Pistons quanto Pelicans não estejam brigando por nada na NBA, but still, são contratos que, hoje, seriam dados para role players sem tanto alarde, e que DESTRUÍRAM uma franquia. As coisas mudam.

Bom, seguindo, não demorou muito para o Pistons perceber que tinha feito uma belíssima burrada, mas já era tarde demais para se arrepender. Enquanto esperava cinco longos anos até que o Sr. Tempo corrigisse os seus erros, tal qual uma onda leva, na praia, aquele castelo de areia mal feito, a única alternativa que havia sobrado para Dumars e o Pistons era o draft. Alguns anos de boas escolhas e ninguém nem precisaria lembrar dos contratos que o time tinha dado pra dupla Gordon/Villanueva, tudo ficaria bem. Como tudo na vida, não só não ficou bem, como piorou.

Ah, o draft. Acredito que a grande maioria das três pessoas que vão ler esse texto (eu incluso) - ou seja, duas - devem conhecer a dinâmica do draft e como ele funciona, mas explicarei mesmo assim. Há muitos anos, a free agency não existia. O time tinha os direitos dos jogadores para sempre, e a única maneira de jogadores trocarem de time era via trocas. Como consequência toda a leverage possível estava do lado das equipes. Os jogadores, se quisessem participar da NBA, precisariam se sujeitar à seguinte situação: se inscrever no draft, esperar que algum time o quisesse e, depois disso, estar à mercê daquela franquia pelo resto de sua carreira profissional. Parece divertido! Isso mudou alguns anos depois, com a introdução da free agency e cada vez mais os jogadores tem liberdade, na medida do possível, até os dias de hoje.

Até hoje, o draft é a única porta de entrada para a NBA (ok, tecnicamente você pode entrar na NBA sem ser draftado, mas para isso você tem que ter estado apto a ser escolhido no draft em algum momento de sua vida; Se, digamos, o Pelicans liga aqui em casa e fala: 'Hum, então, estamos precisando aí de uns novos TALENTOS e por algum motivo sorteamos seu número aqui cola aí jogar com a gente vai ser maneiro' eu poderia ir, mas porque eu já atingi a idade máxima possível para participar do processo, 22 anos) para jovens jogadores. Como um evento importante, que irá mudar a vida de 60 jovens todo ano por, em média, uns 5 anos da vida desse jogador, é um evento extremamente bem pensado, que premia ruindade, sorte e é focado em transformar tudo em um show com bastante anunciantes para a televisão, rendendo o máximo de dinheiro possível. É a síntese do capitalismo!

O draft nada mais é do que um grande FUTEBOL DE RUA versão profissional. Todo ano vários jovens cheios de sonhos e perspectivas se inscrevem no draft, na ânsia de finalmente ganhar dinheiro pelos seus talentos, até descobrir que, pelo AZAR DE SER MUITO BOM vão ter a carreira destruída pelo Sacramento Kings. Os piores times da temporada anterior escolhem primeiro (não sem antes alguns serem definidos por um sorteio com BOLINHAS DE PING-PONG, pois é uma oportunidade a mais de fazer um show e conseguir vendê-lo para a televisão). No dia um grande evento é realizado e os times vão anunciando, um a um, suas escolhas - primeiro para o Woj, depois para o Adam Silver, cujo trabalho, nada mais é do que uma versão teatral e glamourizada do Sílvio Santos sorteando o ganhador do carro, no programa Roda a Roda daquela semana. Ele lê a escolha num palanque, os jogadores mostram seus ternos em rede nacional, dão um abraço em seus parentes e vão felizes da vida rumo à suas novas carreiras. Ou não tão felizes assim.

EMOÇÃO


Como toda atividade que envolva basquete profissional nos últimos anos, não é surpresa que o Pistons seja ruim nesse processo todo. Tudo bem que não é tão fácil assim fazer um draft, afinal, é uma grande previsão do futuro, onde no fundo ninguém sabe o que está fazendo, mas não significa que não possamos olhar para trás e ver não só as besteiras que foram feitas, mas também o que poderia ter sido feito do jeito certo.

Inspirado pelo draft nota F- da outra pseudo ex-franquia da cidade, o Lions, e como o Pistons já está de férias, resolvi olhar para os drafts do Pistons desde a fatídica troca do Billups, para ver como está sendo/foi a carreira dos jogadores escolhidos, quem poderíamos ter escolhido no lugar deles, entre outros desdobramentos. Começando por 2009, ou o marco zero na escala TROCA DO BILLUPS.

Como esse post começou a ser escrito há bastante tempo e eu demorei para ter vergonha na cara de terminá-lo, hoje (ou ontem, não sei quanto tempo vou demorar) o Pistons faz suas escolha no draft de 2019 - 15ª escolha, além da 30ª escolha conseguida numa troca com o Milwaukee Bucks (que eu ainda não decidi se gostei ou não) enviando Jon Leuer e recebendo a pick e Tony Snell - no dia 19/06.

2009 D.C. / Ano 0 

Round 1, pick 15 - Austin Daye, F, Gonzaga

Por um bom tempo, eu considerei Austin Daye o PIOR jogador que eu já vi jogar no Pistons - posto esse que, um tempo depois, foi assumido por Peyton Siva, que será citado nesse texto. Comparado ao possante Brian Cook, pelo nbadraft.net (o mesmo site que comparou o Deshawn Stevenson ao Michael Jordan), Daye nos AGRACIOU com basquete de nível duvidoso por 3 temporadas e meia, quando, no meio de 2013, foi trocado para o Grizzlies, numa bela troca em que os 3 times envolvidos saíram perdendo, ou ficaram na mesma. Em geral, era um jogador fraco, sem muito destaque particular em qualquer parte do jogo. Rodou por mais um tempo, até sair da NBA e ir pra Europa, onde está jogando hoje. Suas médias finais pelo Pistons foram de 5.8 pontos, 2.9 rebotes, 40.9% de arremessos de quadra, 35,8% de arremessos de 3 (um homem a frente de seu tempo!) em 206 partidas disputadas e 16 minutos por jogo.

Escolhas notáveis realizadas depois:

A escolha 15 não é a mais fácil de encontrar bons jogadores por si só, quem dirá as posteriores, mas em 2009 tivemos algumas boas escolhas após o Pistons ter jogado a sua no lixo: Jrue Holiday foi escolhido na posição 17, Ty Lawson na 18, Jeff Teague na 19, Darren Collison na 21, Taj Gibson na 26, entre outros jogadores. Todos os citados, se não estrelas, tiveram bons anos na NBA sendo sólidos jogadores para seus times.

Round 2, pick 5 (35ª geral) - DaJuan Summers, PF, Georgetown
Round 2, pick 9 (39ª geral) - Jonas Jerebko, PF, Georgetown
Round 2, pick 14 (44ª geral) - Chase Budinger, SF, Arizona - Trocado para o Rockets

Em geral, vocês perceberão nesse artigo que o Pistons acerta mais na segunda rodada do que na primeira, dois dos três jogadores escolhidos pela equipe na segunda rodada foram/são jogadores melhores do que a escolha de primeira rodada.

Summers jogou muito pouco no Pistons e não teve destaque - em 2011 foi jogar na europa, voltou à liga, rodou pela g-league, europa, e hoje está jogando na Turquia. Fez apenas 66 jogos pelo Pistons e 83 na NBA.

Jerebko teve algum destaque em times medonhos do Pistons, chegou a ser titular em alguns momentos e havia até certo otimismo em relação ao seu desenvolvimento para o futuro. Jerebko foi trocado para o Celtics junto com o entrevistado desse blog Gigi Datome pelo Tayshaun Prince com 35 anos - numa troca que CHACOALHOU a NBA. De lá, foi para o Jazz e para o Warriors, onde joga hoje e acabou de ter uma boa chance de ser herói das finais da NBA - não conseguiu.

Budinger é um jogador que eu sempre gostei, porém quem gostava bastante dele também eram as lesões. Em 8 temporadas na liga, só jogou mais de 60 jogos em 3. Era um bom arremessador, se tivesse ficado saudável provavelmente teria espaço na NBA até hoje; No entanto, como a vida é um negócio esquisito, hoje ele é jogador de VÔLEI DE PRAIA.


2010 D.C. / Ano 1 DTB 

Round 1, pick 7 - Greg Monroe, PF, Georgetown

Ah, a virada da década. 2010 começou um TREND (palavras jovens) na franquia de ter times ruins o bastante para ter escolhas top10, mas bons o bastante para não ter escolhas top5 e de formar equipes remendadas para tentar ir aos playoffs numa conferência patética e não conseguir mesmo assim - pensamento ecoado na free agency, mas isso fica para outro texto. O Pistons abriu a década escolhendo Monroe que, sendo bem honesto, é um ótimo jogador e foi a única lembrança de talento que o time teve por um bom tempo. É fácil esquecer que ele foi um free agent disputado (Sim! Inclusive, foi uma derrota bem divertida para o Lakers, quando ele recusou o time para assinar com o Bucks.) quando recusou a extensão oferecida pelo Pistons e virou free agent irrestrito. Monroe é um jogador muito bom ofensivamente no post, um passador de bom nível. Em 2010, a NBA era uma liga completamente diferente, em que esse tipo de habilidade ofensiva de um pivô ainda era relevante e coisas a preocupação com pivôs em trocas defensivas e o espaçamento em quadra gerado pela posição com arremessos praticamente não existiam. A NBA evoluiu, alguns jogadores evoluíram (Brook Lopez, Marc Gasol, DeMarcus Cousins, todos adicionaram arremesso de 3 ao repertório; Aliás, a gigantesca maioria dos pivôs que, ou fizeram a transição da década, ou entraram na NBA no começo da década e ainda são relevantes para a liga hoje, tiveram que aprender a arremessar.) e, ao mesmo passo, outros perderam completamente o espaço - o maior exemplo disso é Al Jefferson, e Monroe também entra nessa conta. De free agent disputado por múltiplas equipes e jogador de contrato máximo, à contrato indesejado e oportunidade para times com espaço no teto de conseguirem picks, a carreira de Monroe realmente deu uma volta de 180 graus. De Milwaukee, foi trocado para o Suns e cortado. Jogou ainda no Celtics, Raptors, Celtics novamente e terminou a temporada no Sixers, o que fez dele o jogador que havia jogado nos 4 semifinalistas do Leste esse ano. Ao menos ele terá uma para contar para os netos.

No Pistons, foi uma escolha difícil de se condenar, porque foi um jogador útil enquanto esteve na equipe - inclusive teve conversas em que o colocavam em um all-star game, em certo ponto de sua carreira. Ter saído de graça, no entanto, e o fato do resto da equipe ser péssimo enquanto ele esteve lá, diminuem o valor da escolha.

Escolhas notáveis realizadas depois:

Esse é o maior problema com a escolha de Monroe, o draft tinha vários nomes mais interessantes que teriam sido escolhas melhores. Entre eles, Gordon Hayward (9ª escolha), Paul George (10ª), Eric Bledsoe (18ª), além de jogadores que, se não são gênios do esporte, são sólidos contribuidores, como Ed Davis (13ª) e Avery Bradley (a maior farsa da NBA, 19ª).

Round 2, pick 6 (36ª geral) - Terrico White, SG, Ole Miss

Nunca jogou um jogo pela NBA, hoje joga no Bahrain.


2011 D.C. / Ano 2 DTB

Round 1, pick 8 - Brandon Knight - Kentucky

De todos os drafts recentes do Pistons, esse é um dos mais tristes. Brandon Knight era a promessa de um armador que iria ser o primeiro nome estável e de sucesso na posição desde Billups e a segunda peça do núcleo jovem que estava sendo montado junto com Greg Monroe. Tudo muito bonito em teoria, mas na prática Knight não estava pronto para ser um armador na NBA. Mas tudo bem, o time era jovem e havia paciência, certo? Não. Como o Pistons estava desesperado para voltar aos playoffs ao invés de reconstruir, por algum motivo, Knight foi trocado, em 2013, junto com Khris Middleton (já chegaremos nele) e Slava Kravtsov por Brandon Jennings. De lá, jogou alguns anos no Suns (com um contrado de 5 anos, 70 milhões), até ser trocado para o Rockets, na troca que a equipe de Houston fez para se livrar de Ryan Anderson. Então foi trocado mais uma vez, para o Cavaliers, onde está hoje. Terminou sua carreira no Pistons com médias de 13.1 pontos e 3.9 assistências por jogo (e 2.7 turnovers por jogo), com 41% de arremessos e 37% de arremessos de 3 pontos.

Escolhas notáveis realizadas depois:

Na escolha imediatamente seguinte (9ª), o Hornets (então Bobcats) escolheu o jogador que é o que o Pistons achava que Knight seria, Kemba Walker. Curiosamente, Walker é, há algum tempo, um jogador que muitas pessoas (inclusive eu) pensam que transformaria o Pistons num time competitivo para quem sabe vencer uma ou outra série de playoff. Além de Kemba, Klay Thompson (11ª escolha), Markieff e Marcus Morris (13ª e 14ª escolhas, respectivamente), Kawhi Leonard (15ª), Nikola Vucevic (16ª), Tobias Harris (19ª), Nikola Mirotic (23ª), Reggie Jackson (RISOS, 24ª), Jimmy Butler (30ª), entre outros jogadores úteis, como Kenneth Faried (22ª), Donatas Motiejunas (20ª), Iman Shumpert (17ª), Cory Joseph (29ª), entre outros - foi, realmente um draft profundo.

Eu tenho um palpite de que jogadores como Kawhi Leonard (assim como um outro, que aparecerá daqui a pouco), não seriam o que são hoje, se não tivessem caído numa equipe e numa situação favoráveis, como acabou acontecendo - ÓBVIO QUE qualquer versão do Kawhi seria melhor que qualquer versão do Knight, mas é uma consideração importante a fazer sobre esses re-drafts: é uma grande brincadeira de PREVER O FUTURO. Justifica um pouco, 14 times terem passado o Kawhi no draft? Sim. Torna o fato de 14 times terem passado o Kawhi no draft menos absurdo? Não.

Round 2, pick 3 (33ª geral) - Kyle Singler, SF, Duke
Round 2, pick 22 (52ª geral) - Vernon Macklin, C, Florida

Na segunda rodada, o Pistons saiu com um jogador que era extremamente promissor nos tempos de high school mas que ao sair da universidade já não parecia tão promissor assim. Singler teve alguns anos sólidos em equipes péssimas do Pistons, após passar um ano na Europa, em que chegou a ser titular e realmente fazer alguma diferença em alguns jogos, mas, como sua passagem pelo Thunder mostrou ao ser trocado, em 2015, para lá, em um time bom ficou evidenciado o quanto ele talvez não fosse tão bom assim. Os torcedores do Thunder que eu conheço o odeiam e, bem, não posso culpá-los por isso. Hoje está jogando na Espanha.

Macklin é um daqueles jogadores que são classicamente escolhidos no final da segunda rodada, o cara-grande-que-não-é-bom-mas-talvez-com-sorte-possamos-fazer-com-que-ele-vire-um-protetor-de-aro-reserva-decente e, assim como 99% dos jogadores que entram nesse SELETO grupo (ou, também, do grupo de jogadores escolhidos no final da segunda rodada), não deu certo. Hoje joga no Japão.

2012 D.C. / Ano 3 DTB

Round 1, pick 9 - Andre Drummond, C, Connecticut

Essa pick provavelmente é a mais difícil de julgar, tanto pela decisão na hora, quanto pelo seu desdobramento, 7 anos depois. Drummond é, claramente, o melhor jogador draftado pelo Pistons nesse período e, também, o único acerto da equipe em todos esses drafts. Na época, havia questionamentos sobre a work ethic do jogador, o que causou sua queda e, o Pistons já tinha jogadores para a posição no elenco - além de óbvios buracos em outros lugares - mas Dumars apostou no talento de Drummond mesmo assim. Deu certo, Drummond é um excelente jogador, talvez o melhor reboteiro que já passou pela liga desde Dennis Rodman, um ótimo passador e um jogador que, às vezes, consegue ser realmente o diferencial em partidas. O maior problema em relação a ele é a sensação de que ele poderia e, pelo que a equipe investiu nele, talvez deveria, ser muito mais do que é, em especial quanto à defesa e comprometimento dentro dos jogos - começos ruins em partida tendem a fazer com que Drummond suma do jogo, sua defesa não é tão boa assim no aro e ele também não é tão bom marcando no perímetro em switches, além de várias posses por jogo desperdiçadas em jogadas ruins no post. Drummond é meio polarizador nesse sentido e, em certo ponto, um pouco decepcionante. Mas ele só é decepcionante porque conseguiu superar muito as expectativas iniciais e porque, realmente, ele possui características de elite em seu jogo, o que faz com que inerentemente pensemos 'ah se ele fosse assim em tudo...'

Escolhas notáveis realizadas depois:

O Pistons acertou tanto nessa escolha e, por mais polarizador que Drummond seja, não há nenhum jogador escolhido no restante da primeira rodada (que é o critério que estou utilizando aqui) que tenha tido ou esteja tendo uma carreira melhor que ele na NBA. Considerando o resto do draft como um todo, talvez apenas Draymond Green (35ª escolha) seja um jogador melho que Drummond.

Round 2, pick 9 (39ª geral) - Khris Middleton, SF, Texas A&M
Round 2, pick 14 (44ª geral) - Kim English, SG, Missouri

Impressionante (e triste) como esse draft acabou sendo realmente excelente para o Pistons e simplesmente não foi aproveitado pra nada. Middleton foi enviado para o Bucks como parte da troca do Jennings (já vi em alguns lugares que Dumars quis mandar o Middleton ao invés do Singler, mas não sei se isso é verdade) e eu lembro de à época, ter lamentado a perda do jogador, apesar de ter escrito nesse mesmo espaço, de que ele dificilmente passaria de um shooter, ou um role player. Como sempre, eu estava errado. Middleton teve espaço para se desenvolver em Milwaukee e se tornou o tipo de jogador mais valorizado na NBA hoje em dia: bom defensor e bom arremessador e, como recompensa, ganhará muito dinheiro em sua free agency esse ano, seja com o próprio Bucks, seja com outro time. Sabe que time precisa MUITO de um jogador como Middleton já há muitos e muitos anos? O Detroit Pistons. A vida é um negócio bizarro demais.

English não era tão talentoso quanto seu companheiro. Rodou pela g-league, europa e Venezuela, até se aposentar em 2015 e virar técnico. Hoje é assistente da universidade do Tennessee.

2013 D.C. / Ano 4 DTB

Round 1, pick 8 - Kentavious Caldwell-Pope, SG, Georgia

Apesar de uma força nominal invejável, KCP nunca atingiu qualquer expectativa e, no fim das contas, acabou se tornando mais uma das escolhas do Pistons que sai da equipe e some da liga. Apesar de ter tido alguns anos até decentes (em especial, 2016-17, que era seu contract year), ele nunca conseguiu dar o próximo passo. Sabendo que a procura por alas que defendem e arremessam na NBA é tão grande que os times pagam contratos enormes para jogadores que fazem essa função -  os 3-and-d (mesmo que, no caso de KCP, eles sejam os '3-and-desespero' - arremessadores que não acertam arremessos e defensores que não defendem) o Pistons sabia que ele ia pedir um contrato máximo ao fim do seu contrato e, felizmente, enxergou que isso era uma insanidade e renunciou os direitos sobre o jogador, deixando-o livre no mercado para assinar com o Lakers, iniciando, assim, uma leva de excelentes escolhas da equipe angelina na free agency, como todos pudemos observar no time montado para a temporada passada. Em LA, KCP continuou sendo o que sempre foi: arremessador que não acerta arremesso e defensor que não defende.

Escolhas notáveis realizadas depois:

Mock drafts da época (que vi vários, pois fiz vários textos aqui nessa época) colocavam o Pistons entre dois jogadores: C.J. McCollum ou Michael Carter-Williams. Seis anos depois, McCollum se transformou em um dos principais jogadores da NBA e o segundo melhor jogador num time perene nos playoffs, enquanto MCW começou com um quase quádruplo-duplo em sua estréia na NBA e desde então esteve em queda livre e não conseguiu mais jogar. Essa situação diz muito sobre o draft.

Além desses dois, outra bela história desse draft foi que o Pistons passou Trey Burke, que tinha acabado de fazer um belíssimo NCAA Tournament por Michigan e, aparentemente (aparentemente!), teria sido o fit perfeito para a equipe, pela posição e por ter jogado em Michigan, etc. Inclusive proporcionou uma das coisas que eu escrevi que eu acho mais divertida, engraçada e ridícula ao mesmo tempo, que foi esse artigo aqui. Realmente, tempos mais simples.

Esse draft foi esquisito, considerando que os melhores jogadores demoraram a sair. Além do próprio McCollum (10ª escolha), Steven Adams (12ª), Giannis Antetokounmpo (15ª) e Rudy Gobert (27ª), são os grandes destaques da primeira rodada. Reggie Bullock, que a pessoa que está escrevendo esse texto ama de paixão, foi a 25ª escolha.

Giannis, obviamente, é o grande destaque do draft, mas tenho com ele a mesma opinião que tenho com Kawhi Leonard. Muito das carreiras desses jogadores é parte do time e situação em que eles são inseridos. Méritos do Bucks por apostar em um jogador aleatório de nome estranho da segunda divisão grega. Parece ter dado certo pra eles.

Round 2, pick 7 (37ª geral) - Tony Mitchell, PF, North Texas
Round 2, pick 26 (56ª geral) - Peyton Siva, PG, Louisville

Tony Mitchell é um jogador que foi bem nas duas Summer Leagues que participou. Na época eu defendi que ele deveria ter algumas chances na equipe, que nunca vieram. Jogou 21 jogos na NBA e o ponto alto de sua carreira é que foi envolvido em uma troca pelo segundo maior jogador da história da NBA, Anthony Tolliver (afinal, Will Bynum é inalcançável na primeira posição). Da NBA, rodou pelo mundo, passou duas vezes pelo COCODRILOS DE CARACAS e hoje joga nas Filipinas.


Siva é o pior jogador que eu já vi vestir a camisa do Pistons.

2014 D.C. / Ano 5 DTB

Round 1 - Não teve™

No draft que foi ostensivamente divulgado como o melhor draft desde 2003 e um draft que tinha uns 20 jogadores com potencial de titular, obviamente o Pistons não teve escolha na primeira rodada. Essa escolha foi para o Hornets, que tinha absorvido o contrato do Ben Gordon em troca de Corey Maggette e essa escolha, cujo espaço salarial o Pistons utilizou para contratar Josh Smith. Acho que nunca tantos erros foram colocados numa mesma frase.

Bom, no super draft com PELO MENOS 20 titulares, o Hornets utilizou a pick 9 no PF Noah Vonleh, de Indiana que deu errado, foi trocado duas vezes na carreira e hoje está no Knicks. Ele ter feito parte do Knicks da temporada passada é tudo o que eu preciso dizer sobre o seu sucesso na NBA.

Como Vonleh não deu certo, vários jogadores escolhidos após a escolha 9 teriam sido melhores opções, mas entre elas, alguns que se destacam são, Dario Saric (12ª escolha), Zach LaVine (13ª), Jusuf Nurkic (16ª), Gary Harris (19ª), Rodney Hood (23ª) e Clint Capela (25ª).

Round 2, pick 8 (38ª geral) - Spencer Dinwiddie, PG, Colorado

Lembro de ter perguntado a um amigo que acompanha o college sobre essa escolha, à época. Ele me disse que Dinwiddie era um bom jogador com bastante potencial, que só tinha caído tanto porque tinha se machucado no college. Esse meu amigo realmente estava certo, Dinwiddie realmente virou um jogador muito bom que está contribuindo bastante para seu time, o Nets.

É muito fácil olhar para trás, ver que ele foi draftado pelo Pistons e está contribuindo por outro time e colocar a culpa na franquia, o que eu acho válido, porém minha ressalva é em relação ao direcionamento dessas críticas. O problema não foi o Pistons ter desistido do Dinwiddie, ele realmente era um jogador ruim que não estava pronto para a NBA enquanto estava na equipe. O problema é que o Pistons, à época ainda se recusava a reconstruir e estava tentando desesperadamente voltar aos playoffs (evidenciado pela contratação do Josh Smith, inclusive, a pick que o Pistons perdeu no draft era protegida top8, e coincidentemente, a equipe tinha tido a 8ª pior campanha da temporada. Porém como o Cavaliers pulou para a primeira escolha (como sempre), a pick se transformou na nona e foi enviada para o Hornets), o que fez com que não se tenha tido paciência com o jogador para que ele se desenvolvesse. A maior prova disso é que, do Pistons ele foi para o Bulls, onde foi cortado duas vezes. Apenas no Nets, que era uma equipe que estava com a mentalidade correta para um tipo de jogador como ele, Dinwiddie conseguiu finalmente ter tempo para evoluir seu jogo e se transformar no jogador útil que é hoje.

Em resumo, o Pistons estragou tudo desde 2009 por não aceitar que devia reconstruir direito.

2015 D.C. / Ano 6 DTB

Round 1, pick 8 - Stanley Johnson, SF, Arizona

Stanley Johnson era visto no draft como um jogador pronto para contribuir. 4 anos se passaram e ele ainda não se provou capaz de contribuir na NBA. Ele teve um primeiro ano OK e, até promissor, em certos pontos - parecia ser um bom defensor que, caso melhorasse seu arremesso, poderia ter uma sólida carreira na NBA. Os anos passaram, ele nunca melhorou seu arremesso, sua defesa não era tão boa quanto parecia e, por mais que tenha mostrado alguns flashes em infiltrações e como criador de jogadas, sempre que Stanley estava em quadra, o time piorava. Eventualmente, mesmo desesperado por alas, o Pistons desistiu do jogador e o mandou para o Pelicans em uma troca de 3 times que mandou Thon Maker para o Pistons e Nikola Mirotic para o Bucks, em mais um negócio que ABALOU as estruturas da NBA.

Escolhas notáveis realizadas depois:

No dia do draft, foi notável que o Pistons passou Justise Winslow, que foi para o Heat na 10ª escolha. Honrando seu nome, está demorando a vencer no Heat e também não virou muita coisa até o momento. Myles Turner (11ª escolha), Devin Booker (13ª), teriam sido melhores escolhas, também.

Round 2, pick 8 (38ª geral) - Darrun Hilliard, SG, Villanova

Na incansável busca da NBA por arremessadores, Hilliard foi mais uma tentativa. Foi bem em seu primeiro ano, quando arremessou 38% de 3 pontos e parecia que poderia ser um contribuidor vindo do banco, porém despencou para 26% em seu segundo ano e o Pistons desistiu. Jogou um ano no Spurs e hoje está no basquete espanhol.

2016 D.C. / Ano 7 DTB

Round 1, pick 18 - Henry Ellenson, PF, Marquette

Vindo de um bom ano e buscando reforçar uma equipe que foi aos playoffs com peças específicas, o Pistons pegou Ellenson na tentativa de ter um jogador de garrafão que também fosse bom arremessador. Obviamente ficou só na tentativa e Ellenson nunca teve espaço de verdade na equipe, tendo feito apenas 59 jogos pela equipe em 3 anos, tendo passado a maior parte do tempo na g-league. Foi dispensado e passou brevemente pelo New York Knicks. Novamente, um jogador que fez parte do Knicks da temporada passada diz mais do que tudo o que eu poderia dizer sobre ele.

Escolhas notáveis realizadas depois:

É complicado esperar muito da 18ª escolha, mas o draft de 2016 teve alguns bons jogadores no final da primeira rodada (lembrando que basicamente qualquer jogador seria melhor que o Ellenson, pra ser sincero), entre eles Malik Beasley (19ª escolha), Caris LeVert (20ª), Pascal Siakam (27ª) e Dejounte Murray (29ª).

Round 2, pick 19 (49ª geral) - Michael Gbinije, SF, Syracuse

Gbinije é a típica escolha de final de draft que não se espera muita coisa e, caso vire algo, é um bônus. Não deu certo e jogou apenas 9 jogos na NBA, mas joga até hoje na g-league, talvez algum dia ganhe outra oportunidade. Jogou a temporada 2018-19 pelo Santa Cruz Warriors.

2017 D.C. / Ano 8 DTB

Round 1, pick 12 - Luke Kennard, SG, Duke

Kennard é um bom jogador e tem potencial para ser um grande destaque do Pistons por muitos anos. Ele é a grande esperança de um elenco engessado se tornar melhor e ajudar o Pistons a brigar por algo a mais. Luke é um reserva sólido, que pode se tornar algo a mais, foi uma boa escolha. O grande problema vem a seguir, no entanto.

Escolhas notáveis realizadas depois:

Na escolha seguinte (13ª), o Utah Jazz escolheu Donovan Mitchell, que teve um ano de novato sensacional e parece destinado a se tornar uma grande estrela na NBA. O Pistons treinou com Mitchell e o jogador disse que acreditava que a franquia o escolheria. Por algum motivo, não escolheu e, por melhor que Kennard seja, sempre será comparado, ao menos nos círculos do Pistons, ao jogador que veio na escolha seguinte.

Além de Mitchell, outro jogador notável escolhido depois do Pistons ter feito sua escolha foi Kyle Kuzma (27ª escolha), mas não o considero melhor que Kennard, o que mostra que a equipe de Detroit fez uma boa escolha que, infelizmente, teve um leve asterisco. Considerando todos os drafts apresentados nesse artigo, provavelmente é o segundo melhor draft que o Pistons fez, o que diz muito sobre o estado atual da franquia.

Em 2017 o Pistons não teve escolha de segunda rodada, que estava com o Jazz. Utah escolheu Thomas Bryant e o trocou para o Los Angeles Lakers.

2018 D.C. / Ano 9 DTB

Round 1 - Não teve

Em 2018 o Pistons enviou sua escolha de primeira rodada para o Los Angeles Clippers, como parte da troca por Blake Griffin, que a equipe angelina utilizou para selecionar o SF Miles Bridges, de Michigan State, na 12ª posição. Como defensor ferrenho da troca por Griffin e como se passou apenas um ano, não posso fazer muitos comentários aqui.

Round 2, pick 12 (42ª geral) - Bruce Brown, SG, Miami

Na segunda rodada, o Pistons escolheu Bruce Brown, que foi titular por boa parte do ano por falta de opção. Por mais que não seja genial, Brown parece um jogador que pode ser um sólido contribuidor vindo do banco no time certo, como 7ª ou 8ª posição em um bom elenco. Como titular no Pistons, comprometeu pouco, ajudou pouco também. Seu arremesso é um projeto, e sua defesa é ok, com potencial para ser um bom contribuidor nesse lado da quadra.

Além de Brown, o Pistons trocou por Khyri Thomas, SG de Creighton, na escolha 38, mas Thomas jogou muito pouco em seu ano de calouro, então não é possível fazer qualquer tipo de avaliação sobre ele.

Drafts são experiências, acima de tudo, de tentativas de adivinhação. É impossível acertar em todos e é muito difícil acertar na maior parte do tempo. Às vezes, basta um acerto para transformar uma franquia (Como o Bucks com Giannis, ou o Nuggets com Nikola Jokic, por exemplo), às vezes times passam anos e anos errando e, no processo, adiando mais e mais suas janelas de sucesso. Exemplos recentes são o Orlando Magic e o Charlotte Hornets, por exemplo. O Pistons, nesse sentido, fica em uma outra categoria. Um time que erra constantemente no draft, mas que não se compromete a ele, não se coloca em posição de acertar. Em um processo em que a sorte é tão envolvida e que suas tentativas são tão valiosas, tantos fracassos no draft ajudam a explicar o motivo de há tanto tempo o Pistons não ser relevante na NBA. Uma mentalidade que não deu certo para o draft, não deu certo na free agency, mas deu certo em uma coisa: tornar o Pistons uma equipe mediana, que está fadada à mediocridade por algum tempo, até que, finalmente, alguém diga chega e tente, enfim, recomeçar do jeito certo.







segunda-feira, 13 de novembro de 2017

O Tolliverso

Harris com cara de bobo quando contaram pra ele que o Pistons é vice-líder do Leste

Arrasada pela crise econômica que assolou os Estados Unidos no final da década passada, a cidade de Detroit foi uma das que mais sentiu o golpe em todo o país. Famosa pela sua indústria automotiva, a cidade sofreu com a debandada da população, o desemprego e a criminalidade. Em meio ao caos, o esporte surgia como alternativa para fugir dessa realidade - esquecer por algumas horas das lutas diárias para viver uma vida melhor. Coincidentemente, o esporte na cidade, que vinha com sucesso desde os anos 80 - majoritariamente com Pistons e Red Wings - começou a enfrentar, também, uma fase ruim. No ano de 2009, na ânsia para tentar voltar ao topo depois de seis finais de conferência consecutivas - e também 4 vices consecutivos - o general manager Joe Dumars, à época resolveu fazer apostas em jogadores que não vingaram, iniciando ali, mesmo que extraoficialmente, um processo longo e falho de reconstrução.

Ao mesmo tempo em que o Pistons amargava o que eram os piores anos de sua história desde o começo dos anos 80, a cidade começava a se recuperar da crise e, no esporte, as coisas estavam já melhorando. Apesar de não necessariamente brigar por títulos, o Red Wings era presença constante nos playoffs. O Tigers foi por alguns anos um contender legítimo na MLB, sendo vice-campeão da World Series no processo e, o Lions, apesar de não necessariamente ganhar (porque o Lions nunca ganha, não é mesmo), tinha a esperança de ter um franchise quarterback e uma das duplas mais divertidas de toda a NFL, em Matthew Stafford e Calvin Johnson. Já o Pistons, por sua vez, tinha provavelmente o trio MENOS divertido da liga, em Josh Smith, Andre Drummond e Greg Monroe batendo cabeça, comandados pelo "genial" Maurice Cheeks (acho que as aspas nem seriam necessárias aqui).

Sem muito para onde correr, o dono do Pistons, Tom Gores, resolveu reorganizar o time desde o começo. Demitiu Dumars e, com a demissão de Cheeks, foi atrás de Stan Van Gundy, um nome conhecido e de comprovado sucesso (?) no meio do basquete, para não só ser treinador, mas também para o pomposo cargo de Presidente de Operações - como se diz lá fora, Gores deu as chaves do carro nas mãos de Van Gundy.

A primeira temporada de SVG no comando foi animadora. Stan conseguiu ganhar todas as trocas que fez e transformou o elenco quase que por completo. No processo, fez de Andre Drummond um all-star, classificou o time aos playoffs depois de sete temporadas e deixou uma boa sensação de que o futuro poderia ser bom para o Pistons. Paralelamente, os outros times da cidade começaram a conhecer seus próprios "Joes Dumarses" - o Red Wings perdeu uma sequência de 25 anos seguidos indo aos playoffs, o Tigers trocou alguns de seus principais jogadores, rumando à uma longa e dolorida reconstrução e o Lions, bem, o Lions viveu altos e baixos (com direito a uma limpa também, mas isso é assunto para outro blog). De repente, o Pistons era o grande time da cidade mais uma vez.

Como as expectativas só servem para nos frustrar, o ano em que o Pistons tinha mais expectativas e esperança de boa campanha na década foi um desastre completo. Os principais nomes da equipe não renderam, a vaga nos playoffs ficou distante, mas o topo do draft também - o Pistons estava no que, talvez, seja a pior situação para um time da NBA: o time que é ruim a ponto de não conseguir ir para os playoffs mas, como eles tentam ativamente alcançar esse objetivo, se tornam também bons o suficiente para não conseguirem escolhas dentro do top5 do draft. Tendo em vista essa condição, e como bom desesperado e corneta que sou, defendi ativamente desde a metade da temporada passada que Van Gundy trocasse os valores do time por quaisquer escolhas de draft e que começasse do zero mais uma vez, porém, dessa vez, fazendo o processo correto. Provando que é por isso que ele está lá ganhando alguns milhões anuais e eu estou aqui, escrevendo esse texto, o bigodudo mais charmoso da liga resolveu dar mais uma chance a esse elenco (o que, sinceramente, não foi exatamente uma surpresa) e, com um mês de temporada, ele parece ter acertado em cheio.

Mas, afinal, o que fez o Pistons sair de um time chato, desanimador e perdedor e virar o momentâneo vice-líder do leste, tento derrubado Warriors e Clippers fora de casa em um back-to-back, e tornado o Pistons uma das grandes surpresas positivas desse começo de temporada? Eu dei essa volta toda para tentar explicar justamente isso, vamos lá.

Offseason
O Pistons teve uma offseason bem calma, especialmente porque o resto da liga se movimentou muito (e criou uma das offseasons mais doidas e legais da história) - provavelmente tudo planejado pelo SVG pra gente não empolgar igual na temporada passada e dar tudo errado de novo, gênio. Apesar de não ter feito nada bombástico, Van Gundynho foi muito esperto ao conseguir tirar Avery Bradley do Celtics, cedendo Marcus Morris ao time verde. Só nessa negociação, ele conseguiu adicionar um arremessador ao elenco, adicionar um defensor de elite no perímetro e, de quebra, um jogador que é a cara do que a franquia sempre foi: muita raça e pouco estrelismo, coisa que fazia muita falta nos anos recentes no elenco. Além disso, a chegada de Bradley proporcionou ao time se livrar da dor de cabeça que a renovação de Kentavious Caldwell-Pope (procurem aí o que a torcida do Lakers tá achando dele =D) estava trazendo (e traria pro futuro caso a renovação saísse). Tudo isso pelo Marcus Morris.

Além disso, o Pistons foi pegar no Kings o Langston Galloway e o Anthony Tolliver. Falarei de ambos mais pra frente, mas a verdade é que Bradley e Tolliver trouxeram muito da mentalidade que o Pistons sempre teve de volta e, como já dito, estava em falta. Além disso, eles estão contribuindo também em quadra. Por fim, outra aquisição notável é o pivô Eric Moreland que, com o começo ruim de temporada do Jon Leuer tem sido bastante utilizado como reserva de Drummond.

Ataque
Na temporada passada, o Pistons não teve o seu armador titular (Reggie Jackson) 100% durante o ano. Ele demorou para se recuperar de uma lesão no joelho e, quando esteve em quadra, foi pavoroso. Por conta disso e, também por méritos dos adversários, o ataque baseado em pick and rolls que o time tinha no ano em que foi aos playoffs não estava mais funcionando. Além disso, o Pistons tinha outra jogada bastante ineficiente: os post-ups de Andre Drummond.

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Segundo os dados do NBA Stats, em 2016-17, Reggie Jackson fazia, em média, 9.4 jogadas de pick and roll por partida, com um aproveitamento ruim de arremessos e um índice ruim de 0.89 pontos por posse de bola. Essa temporada, em melhor condição física, os números são bem diferentes:

Embora as posses e a frequência sejam basicamente as mesmas, o aproveitamento melhorou quase dez pontos percentuais e os pontos por posse também sobem para pouco mais de um ponto por posse, o que é muito bom. Jackson também está infiltrando mais, quase duplicando sua média de infiltrações por jogo - de 7.0 para 13.9, mas o que chama a atenção sobre essas infiltrações é a porcentagem de passes nesses drives - 32.3%, contra 22%, ano passado.

Sobre Andre Drummond, é necessário um tópico a parte. Drummond vem tendo o melhor começo de temporada de sua carreira. Depois de um ano passado muito abaixo das expectativas, com críticas e questionamento de seu esforço, Dre não parece o mesmo jogador - melhorou em todos os aspectos do jogo e é parte fundamental do jogo coletivo que a equipe vem fazendo nesse começo de temporada.

Até a temporada passada, as contribuições ofensivas de Drummond se restringiam ao pick and roll com Reggie Jackson, pontes aéreas decorrentes do PnR, rebotes ofensivos e putbacks. Porém o jogador só recebia a bola no post e, quando isso acontecia, ele era forçado a fazer um gancho com movimento mais curto, apressado pois, para defendê-lo na jogada, a principal estratégia era simplesmente cometer a falta. Como Drummond não apenas era ruim nos lances livres, mas sim O PIOR DA HISTÓRIA, ele tentava evitar a falta apressando a sua mecânica, o que gerava arremessos ruins.

Em 2015-16, Drummond teve em média 5 posses no post por jogo, número que caiu para 4.1 na temporada passada e despencou nesse ano para 1.5 - o aproveitamento não melhorou, mas a jogada foi diminuída ao extremo - o que, em teoria, eliminaria toda a participação dele no ataque que não fosse em pontes aéreas decorrentes do pick and roll, no entanto, Stan Van Gundy arrumou uma ótima solução para essa situação e, de quebra, descobriu uma boa qualidade escondida de seu pivô: como passador - veja alguns exemplos no vídeo abaixo


No primeiro lance, Bradley aproveita o handoff para fazer um corte em direção à cesta, utilizando o corpo gigantesco de Drummond como um bloqueio - apesar de não ser, o que faz com que Marco Belinelli se perca na marcação (o double-move ajudou bastante também). Como Babbitt está ocupado com Langston Galloway - que está com 45% de aproveitamento em bolas de 3 na temporada - ele hesita em ir para a cobertura e fica no meio do caminho, deixando Bradley livre embaixo da cesta, Drummond reconhece e manda um ótimo passe para mais dois pontos fáceis. No segundo lance, Bradley finge que vai usar o screen feito por Anthony Tolliver (jogada essa, com Bradley saindo do screen que está sendo muito utilizada também, como veremos daqui a pouco) mas na verdade volta e faz um corte no backdoor. Bogdanovic, então, dá um passo em falso para a esquerda, ficando atrasado, enquanto Avery dispara em direção à cesta. Mais uma vez, Drummond manda um bom passe, mais dois pontos fáceis. O terceiro lance, é um passe bem fácil de Andre, pois o mérito maior está no ótimo bloqueio feito por Reggie Bullock, que consegue congelar Kent Bazemore, que estava marcando Jackson - a comunicação do Hawks falha, e Babbitt não percebe a tempo que deveria trocar a marcação - Reggie Jackson corre para a linha de três e recebe livre para uma cesta fácil. Já o último lance começa com uma infiltração de Ish Smith que, bem marcado por Goran Dragic, desiste e recomeça a jogada tocando para Harris, na linha dos 3. Ele chama Drummond, que vem para receber a bola e recebe um bom bloqueio de Smith, que imediatamente corre de volta para a linha dos 3, arrastando Dragic com ele. James Johnson perde Harris no meio do bloqueio, que tem espaço suficiente para receber mais um alley-oop de Drummond.

Como o Pistons tem feito menos pick and rolls com Drummond (em geral, o ataque faz o PnR Jackson/Drummond nos finais de jogos, em que as posses de bola são ainda mais valiosas e, em geral, os times fazem mais isolações e movimentam menos a bola), a jogada utilizada para substituir o PnR é o handoff com o pivô no elbow, jogada que funciona mais ou menos como um pick and roll - a grande vantagem, porém, é que, além de ser mais dinâmico, pois não há a necessidade de jogar a bola no jogador desejado, chamar o bloqueio, passar por ele, esperar a reação da defesa, etc - no handoff é mais fácil criar arremessos para os outros jogadores em ritmo, o que vem sendo usado e abusado para criar arremessos para Avery Bradley (e outros, como Harris, Kennard e até o próprio Jackson), como podemos ver no vídeo abaixo


No vídeo podemos ver alguns exemplos de como o Pistons está usando os handoffs de Drummond para criar arremessos para Avery Bradley. Drummond recebe a bola no elbow e o jogador que lhe passa a bola corre para o lado oposto ao do jogador que irá arremessar a bola. O arremessador - na zona morta - então, recebe um bloqueio, em geral do jogador que está na posição 4, passa por ele e recebe a bola das mãos de Andre que, dependendo da eficiência do bloqueio anterior, pode fazer o bloqueio necessário para criar espaço para o arremesso ele mesmo, como no segundo lance, para Luke Kennard - em que o bloqueio nem mesmo acontece - e no terceiro, em que Garrett Temple consegue passar fácil pelo bloqueio de Tobias Harris. As duas últimas jogadas desse vídeo, no entanto, são jogadas que quebraram. No lance contra o Hawks, a jogada não começa com Drummond, como nos outros exemplos - o Pistons tenta criar o arremesso com o screen de Harris para Bradley - o Hawks, no entanto, defende bem e Bradley não consegue o espaço e fica com a bola na zona morta. Avery, então, chama Drummond que faz o handoff e o screen ao mesmo tempo - como em alguns lances anteriores -, criando espaço para o arremesso. No último lance, a jogada quebra porque Bradley não consegue segurar o passe de Andre. Ele, então, recomeça a jogada e, dessa vez, faz um pick and roll com Drummond. O Bucks dobra e Andre faz o roll, atraindo a atenção de Brogdon e Middleton, que estavam marcando Jackson e Stanley Johnson na zona morta. Pressionado, Bradley toca para o lado e Harris acha Jackson livre de marcação. Brogdon até tenta se recuperar e fazer o close-out porém já era tarde demais - bons exemplos de improviso do Pistons após duas vezes o plano inicial falhar.


No vídeo acima podemos ver como o Pistons vem "substituindo" os pick and rolls Jackson/Drum por handoffs para Jackson - nessas situações, muitas vezes a jogada começa igual aos arremessos para Avery Bradley, porém, ao invés de arremessar, Jackson usa o espaço criado para infiltrar - Drummond, ao invés de fazer o bloqueio para o arremesso, rola para a cesta, criando basicamente a mesma situação que um PnR proporciona, forçando a defesa a escolher entre uma bandeja de Jackson ou a ponte-aérea para Andre, ambas as situações podem ser vistas acima. Além das jogadas com Jackson, podemos ver a jogada sendo utilizada para abrir espaço para infiltrações de Tobias Harris, Avery Bradley e Luke Kennard, gerando boas situações ofensivas. Detalhe também para a jogada em que Andre faz um belo passe para Ish Smith (ok, o passe não saiu tão bom, mas eu não fazia idéia de que ele conseguia sequer pensar nesses passes!!!)

Por falar em Ish Smith, o banco do Pistons tem tido muito impacto até agora na temporada - um bom indicador disso, é que ambas as lineups titulares utilizadas até agora têm NetRtg negativo


Como é possível, então, o Pistons estar ganhando jogos com as suas duas lineups titulares tendo saldo negativo? A resposta passa pela boa produção dos reservas: Ish Smith, Anthony Tolliver, Luke Kennard e Langston Galloway todos têm bons números de netRtg - Tolliver tem absurdos 20.9. Além dos números, o impacto dos reservas passa também por dar um novo fôlego para o time, frequentemente entregando vantagens nas partidas para a volta dos titulares. Ish em específico traz um ritmo muito interessante ao ataque, com constantes infiltrações e cortes. No vídeo abaixo, podemos ver alguns lances dos reservas do Pistons


Nos dois primeiros lances podemos ver bons cortes de Ish em direção à cesta criando opções de passe para pontos fáceis, já nos outros lances, podemos ver as mesmas jogadas de handoffs que mostramos Drummond fazendo, porém dessa vez com Eric Moreland - arremessos para Bradley, depois Langston Galloway recebendo o handoff para o arremesso e, por último Luke Kennard se livrando de seu marcador com um double move e recebendo a bola embaixo da cesta.

Defesa
Na defesa, o Pistons se beneficia de ter mais dois especialistas de perímetro no time titular, Avery Bradley e Stanley Johnson e, com a lesão de Stanley, Reggie Bullock tem feito um ótimo trabalho no lado defensivo da quadra. Com Bradley marcando o melhor guard adversário, Reggie Jackson pode ter vida mais fácil e pode tentar ficar mais nas linhas de passe, o que o levou a, até o momento, igualar seu career high em roubos, de 1.1 (apesar de tudo ainda é um número baixo). Outro ponto em que a defesa do Pistons tem se destacado é nos turnovers: o time está empatado com outros seis (!!) times pela quarta melhor marca da liga, forçando em média 16.5 por jogo enquanto, no ataque, comete 14.4, terceira melhor marca da liga.

O TOLLIVERSO
Algum dia eu vou ter essa imagem colada no portão de casa

Quem me conhece sabe que eu sou fã incondicional de Anthony Tolliver, por isso quis dedicar um pedaço do texto só para poder falar um pouco dele e colocar essa imagem maravilhosa ali acima. Tolliver jogou a temporada passada no Sacramento Kings, depois de ter jogado em Detroit no ano anterior. Recontratado para essa temporada, não jogou nos três primeiros jogos do ano. Com um início ainda meio instável, Stan Van Gundy começou a utilizá-lo contra o Knicks, em jogo que o Pistons chegou a estar perdendo por 21 pontos. O Pistons virou o jogo e a energia, defesa e cestas de Tolliver foram parte bem importante na virada. Desde então, o Pistons melhorou e tem o melhor início de temporada da década. Não só em quadra, mas parte importante nos bastidores, com sua liderança e work ethic, Tolliver é a prova de que não é necessário ser o jogador mais talentoso para ser importante e ter impacto em um bom time. Em um time que era duramente criticado por parecer preguiçoso e desinteressado, parte dessa transformação pode ser creditada à volta de Tolliver - e também de Bradley, que é um jogador com a cara do que o Pistons sempre foi, pouco nome e muito trabalho duro. Ah, que falta fazia mais jogadores assim no Pistons.

Uma parte fundamental desse bom começo da equipe e que, propositalmente, eu não mencionei até agora, é a melhora em lances livres de Andre Drummond que, depois de ser O PIOR COBRADOR DE LANCES LIVRES DA HISTÓRIA trabalhou duro nesse aspecto nessa offseason e depois de fazer uma bela pré-temporada no quesito (em determinado momento teve 85% de aproveitamento), continuou sua boa forma na temporada, conseguindo quebrar seu recorde de lances livres em um jogo (14 acertos em 16 tentativas contra o Bucks, o antigo recorde era de 13 acertos em TRINTA E SEIS tentativas). Mas uma das coisas mais interessantes é que mesmo após um jogo ruim (nenhum acerto em 7 tentativas) contra o Pacers, Drummond se recuperou bem e foi bem no jogo seguinte, incluindo dois lances livres cruciais com o jogo empatado faltando 1:30 para o final do jogo - e depois de errar uma enterrada, ou seja, uma situação não muito confortável mentalmente, mesmo assim Andre foi lá e deu conta do trabalho.

O principal impacto dessa melhora é que sendo um cobrador "não explorável" de lances livres, Stan Van Gundy pode, finalmente, ter seu jogador mais bem pago em quadra no final dos jogos - e não só isso, pode tê-lo em quadra quando quiser, sem ter que abrir mão de sua presença por causa de hacks do time adversário.

Nos últimos anos o Pistons tem sido uma das piores franquias da NBA, não só em talento, em vitórias, mas como em estilo de jogo - coisa que está se refletindo na baixa ocupação da nova arena, aliás - o time era realmente desinteressante e chato de assistir. Porém, todas essas mudanças no estilo de jogo, as novas contratações, tudo isso tem tornado o Pistons um time legitimamente legal e divertido de se assistir. Espero que as coisas que mostrei aqui façam vocês darem pelo menos uma chance ao time, que está realmente jogando bem.

Eu, no entanto, prefiro acreditar que o time está num estado especial. Está tudo muito bem, obrigado, aqui no Tolliverso.

Para ver mais sobre as movimentações ofensivas do Pistons com as posses no elbow com Drummond e as variações, com alguém que, ao contrário de mim, sabe realmente do que tá falando, recomendo este artigo aqui

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Dia de trocas?

'Você disse trocas?'

A trade deadline não só é uma das datas mais importantes da NBA, como também uma das mais divertidas. Quando seu time está envolvido em rumores, ela pode ficar ainda mais divertida (ou não). Nas últimas duas deadlines o Pistons esteve envolvido em negócios importantes - Em 2015 trouxe Reggie Jackson, em 2016 trouxe o Harris um pouco antes da deadline, além do Motiejunas que, bem, foi DEVOLVIDO.

Com a boa campanha na temporada passada, e contratações para o que era, no momento, o maior ponto fraco do time (o banco), a expectativa era considerável para a temporada. Eu, por exemplo, cheguei a acreditar por um bom tempo que o Pistons era time não só com uma vaga garantida nos playoffs, mas também que o mando de quadra era algo real e possível, coisa que, como estamos vendo, passou bem longe de ser verdade. Por conta disso, naturalmente o Pistons está envolvido em milhares de rumores de troca, porém nada concreto. Não há nenhum rumor de troca em si, mas sim de quem poderia ser trocado. Reggie Jackson e Andre Drummond encabeçam a lista e há até quem fale em KCP como candidato a ser trocado - apesar de eu duvidar bastante desse último.

Rumores (ou a ausência deles) não necessariamente significam que algo vá ou não acontecer, exemplo disso é que o próprio Pistons tirou negócios da manga, que ninguém esperava, nas últimas duas deadlines. Os rumores da vez não são concretos, apenas dizem que o Pistons está ouvindo propostas™ por Drummond e Jackson, além de estar 'testando o mercado' pelo KCP - vale lembrar que este último vai ficar bastante rico em alguns meses quando assinar seu novo contrato, ainda mais agora que o Nets trocou o Bogdanovic, a chance deles oferecerem um contrato máximo pro KCP é muito grande.

Estou escrevendo isso aqui para dar a minha opinião sobre o que eu acho que o Pistons vai fazer e sobre o que eu faria se mandasse em alguma coisa na franquia.

Basicamente, essa temporada já é uma decepção, comparando com a anterior. Apesar de estarmos dentro da zona dos playoffs no momento, não há absolutamente nenhuma garantia de que vamos continuar lá até o final da temporada. A campanha não é exatamente o problema, mas sim o fato de que o time claramente involuiu de um ano pro outro, o que faz alguns questionamentos pipocarem como por exemplo sobre o real potencial do Drummond. O Pistons tem, nesse momento a terceira maior folha salarial da NBA - com uma renovação cara com o KCP se aproximando - e uma campanha negativa, essa conta não bate e algo terá que ser feito.

Como os 'pilares da franquia', Jackson e Drummond são obviamente os mais questionados. Não vou tentar fazer uma análise das más atuações do PG estrela™ mas vou deixar só uma informação aqui: nessa temporada, Reggie tem um +/- de -129. Ish Smith?  +75. Por pior que seja plus-minus, é uma discrepância grande o suficiente pra não poder ser ignorada. Andre Drummond não teve a evolução esperada, há rumores de que o Van Gundy se irrita muito com o comprometimento (ou a falta dele) do pivô, especialmente no aspecto defensivo. Ninguém questiona a capacidade do Drummond em pegar rebotes, mas não está mais tão claro se ele pode fazer muito mais do que isso. O medo de pagar uma fortuna em multas pra um time mediano, que briga por oitava vaga é real, e isso deve ditar o comportamento da equipe hoje.

Pessoalmente, eu acho que SVG não vai implodir o time e reconstruir (que é a opção que eu escolheria), e isso deve moldar o que ele deve pedir em troca de seus jogadores. O Celtics parece interessado em Drummond e tem um caminhão de assets para utilizar - apesar de não parecer tão disposto assim a fazer isso, e eu acho que um cenário em que ele vá pra lá por um preço justo seria bom para ambas as partes.

Há quem defenda paciência e insistência nesse elenco por mais um tempo, há quem defenda trocas pontuais de um dos dois, há quem defenda desmontar o time e começar de novo. Resta saber o que o SVG defende.

*A trade deadline é hoje às 17:00 horário de Brasília.
**Siga todas as atualizações sobre a deadline no nosso twitter

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Palpites para a temporada

"hahaha olha esse tal de DeAndre Jordan batendo FT"

Qual a coisa mais importante para começar uma temporada nova? Exatamente, palpites que darão errado em menos de um mês de jogos. Porém, dessa vez eu vou fazer bold predictions. Bold predictions são palpites arriscados, que a gente sabe que não tem lá grande chance de acontecerem, mas que, talvez, com o alinhamento certo dos astros, podem acontecer. Além disso, eu reuni os especialistas Pistons da corneta™ para perguntas sobre alguns assuntos para a temporada, colocarei os dois no mesmo post, vamos primeiro às bold predictions:


"Não quero nem ver esses palpites furados"

1- O Pistons terá mando de quadra nos playoffs; O Pistons será o segundo colocado na divisão central
O Pistons tem boas chances, ao meu ver, de ter mando de quadra nesses playoffs, porém, a lesão do Reggie torna isso uma bold prediction, já que ele vai ficar um bom tempo fora e pode demorar para recuperar o ritmo após isso. O mesmo cenário vale para a divisão.

2- Andre Drummond acertará 55% dos seus lances livres nessa temporada
E terminará o ano como garoto-propaganda do Oculus Rift e do Playstation VR.

3- Jon Leuer não vai jogar bem e perderá minutos para o Ellenson
Não confio no Leuer. Não confio no Ellenson. Confio menos no Leuer.

4- BOBAN explodirá rumo ao MIP e à estratosfera
E o contrato dele irá se tornar a maior barganha da offseason

5- Tobias Harris será trocado no meio da temporada
Essa é beeem difícil de acontecer, mas eu acho que o Harris vai ter um ano ruim e, como o Pistons precisa renovar o KCP nessa offseason (e ele está pedindo 20 milhões por ano) talvez seja uma oportunidade de se livrar de um pouco de cap.

6- KCP terá o contrato renovado
Independentemente da 5 acontecer ou não, eu acho que o Pistons vai renovar com o KCP mesmo com ele pedindo um caminhão de dinheiro. O Gores sempre disse que está disposto a gastar para ter um elenco competitivo, então essa é a hora de mostrar que está mesmo disposto. Aliás, uma pequena corneta: o Pistons tem a terceira maior folha salarial da NBA para cair na primeira rodada dos playoffs.

7- Hilliard terá algum destaque na rotação
Para fechar, eu fiquei bem impressionado com o ano de novato do Hilliard, e acho que ele, aos poucos, irá ganhar espaço na rotação até ter uma quantidade bem razoável de minutos por jogo, consequência de um bom ano para ele.


Agora as opiniões para a temporada com o pessoal mais corneteiro desse país:
- Thiago, adm do nosso twitter
- Pedro, o @ivosix no twitter
- Maurício, o @buglerzoboo no twitter
- Daniel, o @dielcaires no twitter
- Gabriel, eu

1- O que esperar da temporada?
Daniel: Espero uma temporada de amadurecimento desse núcleo jovem da equipe. Em termos de desempenho um aproveitamento semelhante ao que tivemos após a chegada de Tobias Harris na última temporada, já seria muito bom.
Pedro: Espero que o time vá aos playoffs. Esse é um hábito que os Pistons precisam retomar para consolidar o rebuilding.
Maurício: Playoffs e que os jovens se consolidem no time sendo mais consistentes durante toda a temporada.
Thiago: Playoffs e se possível, ir um pouco mais longe nesta fase.
Gabriel: Eu espero uma temporada com alguns altos e baixos, saltos de produção de alguns jogadores e playoffs, talvez com mando de quadra. É mais um ano de aprendizado e toda a experiência que for possível adquirir é bem-vinda. Não sei, porém, se conseguimos passar da primeira rodada dos playoffs, depende muito da sorte e do adversário.

2- Mando de quadra?
D: É difícil saber como vão ficar alguns times do Leste após a troca mas é cedo para sonhar com o mando, ainda mais depois da lesão de Reggie Jackson.
P:  Não. O equilíbrio entre os times do Leste é grande, e a lesão do Reggie Jackson pode nos custar
jogos importantes, ou mesmo ameaçar nossa ida aos playoffs.
M: Se o Reggie Jackson não estivesse machucado dava para sonhar, mas impossível na situação atual.
T: Sim, é possível! A lesão do Jackson atrapalha um pouco esses planos. Mas vejo Detroit disputando mando.
G: A lesão do Reggie atrapalha bastante, mas, por outro lado, tem vários outros times que também tem problemas. Acho que tudo depende de quanto tempo ele vai demorar para entrar no ritmo após voltar, e de quanto tempo o time vai demorar para achar um ritmo sem ele. Acredito que é possível, mas depende de tantas coisas que não dá para cravar nada no momento.

3- Até que ponto a lesão do Reggie pode atrapalhar tudo?
D: A lesão nos tira as pretensões de brigar por mando, mas não chega a atrapalhar tudo. Ish Smith fez ótima pré temporada e quando se entrosar com os titulares vai ajudar muito. Seu backup que vai ficar num nível bem abaixo.
P: Depende da gravidade. Se voltar em Dezembro, como previsto, teremos chances de nos classificarmos.
M: Pode atrapalhar o amadurecimento do time e jogar as chances de playoffs fora caso demore mais do que o previsto para voltar.
T: Atrapalhar tudo não acho, mas como disse acima, nos tirar da disputa por mando.
G: Pra mim, o problema maior é o tempo para entrar no ritmo de novo. Caso volte no tempo previsto e entre rápido no ritmo, dá para ficar mais sossegado em relação à vaga nos playoffs. Minha maior preocupação, no entanto, é como o time vai se virar tendo o Ish de titular e com um banco fraco, mais uma vez - que foi, no ano passado, o que nos custou o mando.

4- Pior cenário?
D: Pior cenário seria não se classificar para os Playoffs e o time retroceder em sua evolução, semelhante ao que aconteceu com os Bucks nas últimas temporadas.
P: O time não demonstrar evolução. O investimento foi direcionado para ESSE grupo. Se não evoluírem o esperado seremos um time meia boca que sempre vai aos playoffs e nunca tem chances reais (AKA Hawks, Raptors).
M: A lesão do Reggie ser mais grave, o time não ir aos playoffs, Stanley não se desenvolver e o time não evoluir como o esperado atrasando totalmente o rebuild.
T: Ficar de fora dos playoffs talvez no ano que consolide nossa reconstrução seria bem broxante.
G: Desde o Suns que deu certo antes da hora e depois afundou, eu tenho medo que a ida aos playoffs ano passado coloque uma pressão desnecessária em cima do elenco, que deveria ter o foco na evolução, e não nos resultados. Essa mentalidade é o meu maior medo, porque foi ela que fez a gente sofrer nos últimos anos com contratações estúpidas. Portanto, meu pior cenário seria uma não-classificação para os playoffs tratada como fracasso e a perda de paciência com a evolução do elenco.

5- Melhor cenário?
D: Melhor cenário seria o time se dar bem com Ish Smith, banco vir mais sólido esse ano, Reggie Jackson voltar de lesão jogando bem e o time conseguir o mando, passando para as semifinais de conferência e quem sabe até uma final de conferência.
P: Manter o nível apresentado contra Cleveland nos playoffs de forma consistente. Se jogarmos regularmente daquela forma teremos um dos times mais legais da NBA.
M: Time não sentir tanto a ausência do Reggie e ele pegar ritmo rápido após o retorno. Passar da 1ª rodada dos playoffs seria excelente.
T: Concordo com o Pedro: o nível apresentado contra o Cavs nos PO é a base para irmos mais longe.
G: O melhor cenário é o time não sentir falta do Reggie nesse começo, ele voltar bem e o time embalar uma sequência de vitórias rumo ao mando e à segunda rodada dos playoffs, com chances reais de final de conferência.

6- Drummond e os FTs – como será esse ano pra ele em fts?
D: Sinceramente, os FTs é a menor das minhas preocupações quanto ao Drummond. Quem acompanha o time percebe que apesar de toda noite fazer números impressionantes principalmente de rebote, oscila muito em intensidade e nível de atuação, principalmente a dedicação na parte defensiva. Se ele jogar com vontade todos os dias, a lá Ben Wallace, pode errar todos os FT que eu vou continuar satisfeito.
P: A mesma merda de sempre. Se conseguir 50% já da pra comemorar.
M: A regra anti-hack ta valendo já? Se tiver o time vai sentir menos o aproveitamento patético que eu não acredito que vá melhorar.
T: Deve ficar entre 40% e 50% . Reconheço que ele vem já há pelo menos 2 temporadas treinando e até mudando o posicionamento mas não vejo melhoria absurda nosso não. Talvez com o tempo e persistência, isso melhore.
G: Obviamente ele treina FT, mas treinar não é o problema, tem algo a mais, e esse algo a mais não vai passar - eu, pessoalmente, não acredito que ele passe dos 45% em nenhum momento da carreira, e vai ter que dar um jeito de contornar isso. Porém, o maior problema em toda essa situação, é ele se focar tanto nos FTs e esquecer que ele tem muitas outras falhas em seu jogo que precisam ser corrigidas.

7- Banco de reservas?
D: O banco de reservas melhorou. Leuer para mim era desconhecido e foi bem. Stanley Johnson vem mais maduro para sua segunda temporada. Ish Smith quando voltar a começar do banco já vai conhecer bem o sistema e conseguir liderar melhor o ataque. Baynes foi bem ano passado espero que mantenha pelo menos. Esses quatro serão os reservas mais utilizados. Os outros Bullock que parece ser o décimo jogador da rotação, foi bem nos Playoffs e meteu suas bolas quando precisamos. Boban, Hilliard e Ellenson devem jogar pouco. McCallum vai ser importante nesse início sem o Reggie. Gnjibe nem deverá ser relacionado a maioria das noites, mas tem versatilidade para ajudar quando alguém se lesionar.
P: Nosso banco melhorou consideravelmente. Ish é muito melhor que o Blake e Leuer é melhor que o saudoso Tonhão Tolliver. Ellenson terá poucos minutos mas é promissor. Bullock terminou bem a temporada e foi preciso contra Cleveland. Porém tem 2 ex pivôs do Spurs que não valem 1...
M: Pior do que era difícil ser, só de não ser um banco nulo já será uma evolução. Quero ver mais o Bullock.
G: O banco do ano passado era sofrível num ponto que não dava para piorar. Porém eu tenho algumas interrogações na cabeça quanto aos reforços, especialmente quanto ao Leuer. Sei pouco do Ellenson, porém gosto do Hilliard, e o Bullock jogou bem ano passado. Ish é muito melhor que o Blake e, ao contrário dos meus amigos, eu confio bastante numa boa temporada do BOBAN. Acho que será um banco mediano, nada espetacular, mas que não irá comprometer tanto quanto o do ano passado comprometeu.

8- Time titular?
D: O time titular foi nosso ponto forte temporada passada. Até por isso foram muito sobrecarregados durante a temporada. Reggie é um dos líderes da equipe e foi decisivo nos finais de partidas. KCP é um monstro na defesa, e antes da lesão estava muito bem no ataque também. No jogo da pré temporada contra os Bucks estava on fire espero que continue assim na temporada. Harris e Morris são muito bons, apesar de terem sofrido um pouco defensivamente contra jogadores maiores, foram muito bem e com mais entrosamento espero que melhorem ainda mais. Drummond já falei, é um monstro dentro do garrafão, cada ano tem refinado seu leque de jogadas ofensivas, que era bem cru no começo, mas mostra que ele tem se esforçado para melhorar, e inclusive apesar de bem jovem tem se mostrado um líder da equipe e sua renovação com o time indica que quer continuar em Detroit e comandar essa equipe para voos mais altos!
P: Sólido, com potencial para ser excelente. Reggie menos burro, Morris menos tijoleiro e Drummond mais refinado no post podem mudar esse time de patamar. Espero um breakout year do KCP e sua ELEMENTAR saída após isso. Harris totalmente adaptado ao time após a offseason deve produzir mais também.
M: Time titular é bom e com a evolução dos jogadores espero mais consistência e menos momentos de pelada. A melhora do banco deve ajudar já que eles não precisarão carregar o piano o tempo todo.
G: O time titular é bom, e depende de algumas coisas para se tornar ameaçador para o resto da liga. Reggie é muito bom, mas às vezes é afobado, KCP é um defensor elite mas é muito inconstante no ataque, Morris é um cara que dá gosto ter no time, apesar de uns momentos em que ele perde a mão nos arremessos. Drummond é o líder e a cada ano vem evoluindo mais e, o Harris, que foi muito bem na reta final da temporada, após vir, sentiu nos playoffs e foi muito mal, mas eu acho que agora com tempo de trabalho, training camps e pré-temporada tem tudo para ter um ótimo ano.

9- Concorrência na divisão?
D: Cavs é o time mais forte, Bulls e Pacers mudaram bastante podem demorar para se ajustarem e Bucks é um time muito jovem e promissor mais que temporada passada não foi tão bem. Temporada passada fomos bem dentro da divisão, inclusive contra os Cavs, espero desempenho semelhante.
P: Pesada. Divisão mais forte do Leste. Pacers reforçaram bem e os Bucks, apesar do ano ruim, possuem muitos jogadores jovens com potencial. Chicago vai depender do físico do Wade, então não da pra prever muita coisa. Cavs auto explicativo...
M: Briga pra ser a segunda força da divisão e pra isso tem que vencer os confrontos diretos em casa. Aposto no Pacers como principal concorrente ao segundo posto. Bucks coloco um pouco atrás, mas vem pra brigar e o Bulls não acredito nos joelhos do Wade pra levar esse time a algum lugar. Cavs só perdem essa divisão se quiserem.
G: Na minha visão o Pistons briga para ser a segunda força da divisão. O Cavaliers é claramente o melhor time, mas, depois, é tudo meio embolado. Tirando eles e o Pistons, o Bucks pra mim é o time mais forte, mas teve uma temporada passada ruim e eles parecem que não sabem direito o que fazer com o Monroe. O Pacers é um time que eu não entendo o hype, eles tem uma estrela (Paul George), mas, na minha visão o time piorou em relação ao ano passado na posição de armador. Além disso eles ainda vão ter que encontrar um estilo de jogo e estão com técnico novo. O Bulls eu acho que vai sofrer com espaçamento (problema que o Pistons conhece muito bem) e os jogadores de nome vão bater cabeça. Acho que o Pistons tem uma ótima chance para ser a segunda força da divisão, vamos ver se iremos aproveitá-la.

10- Projeções de campanha, playoffs e futuro
D: Temos chances de fazer uma campanha até inferior a temporada passada, mas nos classificaremos aos Playoffs novamente e mais acima inclusive, sem mando mas com maiores chances de passar de fase. 40-42, classificados em 6o, pegando os Celtics nos Playoffs, seria meu chute.
P: Vou projetar a mesma campanha da temporada passada em função da lesão do Reggie. Imagino o time vacilando menos contra times ruins e perdendo pros times do mesmo nível ou melhores. Imagino os Pistons classificando entre 6º e 8º.
Essa temporada vai dizer muito sobre o futuro do time. Os investimentos foram feitos. Não temos mais flexibilidade de cap pra mudar de rumo, vamos depender da evolução dos jogadores, especialmente de Reggie e Drummond, o que eu acho um tanto arriscado. KCP, o jogador que mais dá sinais de evolução, pode estar em sua ultima temporada nos Pistons, o que seria uma baixa considerável, considerando que ele é O defensor no time.
M: Campanha parecida com a da temporada passada chegando em 6º lugar. Não acredito que passe da 1ª rodada, mas não seremos varridos. Jogadores se mantendo saudáveis e os jovens evoluindo como esperamos é o que nos fará brigar por coisas maiores nas próximas temporadas.
G: Acredito que, em termos de vitórias teremos uma campanha muito parecida com a do ano passado, talvez uma, duas vitórias a menos ou a mais. Já nos playoffs, depende de muita coisa, adversário, momento, enfim, mas acho que, apesar de termos chances de chegar na segunda rodada, não o faremos. Já sobre o futuro, a diretoria tem uma decisão importante nas mãos, que é a renovação do KCP - se renovar, engessa ainda mais o cap, ou seja, é esse grupo mesmo pelos próximos 4 anos. Se não renovar, perde uma peça importante que talvez não tenha como repor (e vai rumo à pior defesa da liga). Não sei se firmar o futuro em Drummond e Jackson foi a melhor decisão, mas é o que temos, é torcer pelo desenvolvimento deles e para que em breve tenhamos condições de nos tornarmos um contender.

11- Projeções individuais de jogadores
D: Espero mais um ano de All-star para Drummond, espero que finalmente KCP seja lembrado no All-Defensive Team, e que o time seja consistente coletivamente. Do banco torço para que Stanley Johnson tenha muita evolução, que possa ser nosso 6th Man já nessa temporada!
P: Reggie: Espero um ano ruim. Apesar das lesões serem diferentes, Jennings voltou bem abaixo do que produzia. Demorou a encontrar o ritmo. Talvez o reggie seja mais passador (risos) e menos fominha. Não por evolução, mas por falta de confiança em si.
KCP: Breakout year. Salário astronômico. Bye Detroit
Morris: Consistência. 15pts por jogo, aproveitamento baixo nos arremessos, chamando a responsabilidade no crunch time (especialmente sem o Reggie)
Harris: Deve ser o principal pontuador do time na ausencia do Reggie. Vai se aproveitar da boa visão de jogo do Ish. Jogador com maior repertório ofensivo no time (o que não quer dizer muita coisa).
Drummond: Menos jogos com 20 rebotes. Começou destruindo na temporada passada mas rapidamente foi identificado pelos outros times e não teve desempenhos dominantes na segunda metade da temporada. Porém, vai ficar em quadra nos momentos decisivos em função da nova regra do hack. Espero que refine seu jogo ofensivo mas não boto fé.
Ish Smith: Assim como o Reggie, deve abusar do pick and roll. Menos poder de decisão mas melhor passador. Vai amassar o aro chutando de 3 e passaremos raiva. KCP, Morris, Harris e Leuer vão se aproveitar de um PG passador.
Leuer: stretch 4 com mid range consistente, algo que faltava pro Tonho. Deve ser nosso 6º jogador, providenciando mais descanso pra Morris e Harris.
M: Drummond com mais um ano de All-Star, Caldwell-Pope tenha um reconhecimento maior pela sua defesa, que o Stanley Johnson evolua e não faça a gente ficar xingando o Van Gundy por não ter draftado o Justise Winslow, Tobias Harris bem adaptado ao sistema de jogo, Marcus Morris mais participativo no começo da temporada durante a ausência do Reggie e tijolando igual. Quanto ao Reggie, espero que o time esteja bem quando ele retornar para que possa ir pegando o ritmo com tranqüilidade e que aprenda a jogar mais com a cabeça nesse período.
G: Espero mais um all-star game pro Drummond, mas acho que no geral ele terá uma temporada bem parecida com a passada, é difícil dizer mas eu acho que talvez ele já esteja perto do teto dele. Espero que o Reggie volte e pegue o ritmo logo, e guie o time na segunda metade da temporada. Acho que o KCP renova, mas para isso vão movimentar algumas peças (não sei quais), e acho que ele terá certo reconhecimento pela sua defesa. Aposto num ótimo ano do Marjanovic e acho que o Harris será o grande destaque do time ofensivamente, aposto num ano ruim do Leuer.

Hoje tem Pistons!

Van Gundy descobrindo que hoje tem™

Depois de um longo inverno, a NBA está de volta. Os jogos começaram ontem, mas a estréia do Pistons é hoje, 9:30 da noite (brasília) contra o Raptors em Toronto. Atual finalista do Leste, o Raptors manteve o time e se reforçou pontualmente, já o Pistons buscou reforços para tentar, finalmente, ter um banco capaz de vencer jogos. Ainda temos vários defeitos - a falta de especialistas em chutes de 3 pontos é a maior delas - e, ainda, a lesão de um dos principais jogadores do time, Reggie Jackson, por umas 7, 8 semanas. A pré-temporada teve altos e baixos, porém nada pode ser levado à sério em pré-temporada. Vamos esperar uma boa estréia e, primeiro, conhecer as caras novas da equipe (veja o elenco completo no menu ali em cima!)

Henry Ellenson e Michael Gbinije


"Olha aquele cachorro-quente ali na arquibancada, huummm"

A escolha de primeira rodada desse ano é Henry Ellenson, PF de Marquette. Ellenson é um jogador de garrafão com potencial pra ser um stretch four, que é uma função carente do elenco no momento. A sua escolha fez com que o Pistons tirasse o foco de jogadores grandes que arremessam na free agency (tenho ressalvas quanto ao Leuer), então, basicamente, há bastante curiosidade sobre o quanto e como ele poderá produzir.

Já Gbinije é a escolha de segunda rodada e parece ser um bom defensor. Jogou as olimpíadas do rio pela Nigéria.

Ish Smith

Ish Smith ao ouvir que ele ia substituir o Blake

Ish Smith é um armador de 28 anos e 342 (aproximadamente) times na carreira. Smith evoluiu bastante nos últimos tempos, saindo de um jogador bastante fraco para um jogador que deve ser um bom reserva para o Pistons esse ano. No ano passado Ish saiu do Pelicans para o Sixers e fez o time parecer menos horrível - produziu umas 3 vitórias, 30% das vitórias do Sixers no ano passado - e, no Pistons, irá substituir Steve Blake, que saiu do time direto para as filas do INSS. Ser pior que o Blake é difícil, então aposto que Ish terá um bom ano no Pistons, o problema é que ele será titular nas primeiras semanas até o Reggie voltar de lesão, e eu não sei se ele irá corresponder como titular.

Jon Leuer


Sente o gingado

Jon Leuer é, para mim, o maior mistério do elenco para essa temporada. Confesso que nunca o vi jogar (ou nunca prestei atenção nele, pelo menos), mas é dito que ele é um bom arremessador e que poderia ser um dos steals do mercado pela imprensa especializada americana. Confesso não acreditar muito e já estou pronto pra cornetar (ainda mais depois dos 41m/4), mas vamos torcer por boas performances, até porque o Pistons precisa desesperadamente de arremessadores e, se eles forem grandões™ que arremessam, melhor ainda.

BOBAN Marjanovic


"Alguém aí vai comer essa bola?"

BOBAN. Sim, em maiúsculas. O rei do garbage time no Spurs ganha uma chance de ter um papel maior em quadra e, a grande dúvida é se ele vai conseguir produzir o mesmo jogo em uma escala maior em minutos. Boban tem dois e VINTE E UM de altura, orelhas sensacionais e parece ter habilidade em baixo da cesta e no post. A grande dúvida é se ele vai conseguir manter o ritmo e essa eficiência por 15, 20 minutos em quadra. Sua contratação já foi pensando na saída do Baynes na free agency na próxima temporada, o que indica que o SVG acredita nele e ele não entrará só em garbage time, como nos tempos de Spurs. Eu acredito muito nele, vamos ver no que vai dar.

Essas são as caras novas do Pistons para 2016-17. O time é melhor e mais profundo mas, o quão melhor é, em relação ao ano passado, vai depender dos titulares, e não das caras novas, porque, como esperado, todos eles vêm para compor, e não para mudar radicalmente as coisas em Detroit.